A doação de sangue é um ato essencial para salvar vidas, sendo um pilar crucial do sistema de saúde em qualquer país. Conforme observa Bozidar Kapetanovic, expert em assuntos relacionados à área da saúde, no Brasil, esse processo passou por uma notável transformação ao longo das décadas, refletindo os avanços médicos e sociais. No entanto, os desafios ainda persistem, especialmente em relação à conscientização e à logística de distribuição.
A seguir, vamos explorar a história, os avanços e os obstáculos enfrentados na coleta e no uso do sangue no Brasil.
Como surgiu a doação de sangue no Brasil?
A história da doação de sangue no Brasil remonta ao início do século XX, quando os primeiros bancos de sangue foram organizados de forma rudimentar. Inicialmente, a coleta dependia de doadores pagos ou familiares dos pacientes, o que muitas vezes limitava o acesso a transfusões para quem não podia pagar. Apenas nas décadas de 1940 e 1950, com a criação de políticas públicas de saúde, os bancos de sangue começaram a se estruturar oficialmente, garantindo maior segurança no processo.
Com o passar do tempo, a doação de sangue no Brasil ganhou caráter voluntário, um marco alcançado principalmente na década de 1980. Segundo Bozidar Kapetanovic, nesse período, campanhas de conscientização e regulamentações tornaram a prática mais ética e segura, banindo a comercialização do sangue. A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) foi fundamental para universalizar o acesso às transfusões, estabelecendo um modelo mais inclusivo e eficiente.
Quais foram os avanços tecnológicos e estruturais?
A evolução tecnológica desempenhou um papel crucial na melhoria da coleta e armazenamento de sangue no Brasil. Nos anos 1990, a introdução de testes mais avançados garantiu maior segurança ao identificar doenças transmissíveis, como HIV e hepatites, reduzindo drasticamente os riscos de contaminação. Como frisa Bozidar Kapetanovic, a implementação de equipamentos modernos, como sistemas automatizados de separação de hemocomponentes, tornou o processo mais eficiente e preciso.
No mais, os avanços estruturais possibilitaram a criação de uma ampla rede de hemocentros em todo o país. Instituições como a Fundação Pró-Sangue, em São Paulo, e o Hemorio, no Rio de Janeiro, exemplificam essa modernização. Essas iniciativas foram acompanhadas por campanhas educativas e pela digitalização de sistemas, permitindo a integração de dados e facilitando a distribuição de sangue entre diferentes regiões.
Quais são os desafios ainda enfrentados?
Apesar dos progressos, a doação de sangue no Brasil ainda enfrenta desafios significativos. Um dos principais problemas é a falta de doadores regulares, já que apenas cerca de 1,8% da população doa sangue, enquanto a Organização Mundial da Saúde recomenda um índice mínimo de 3%. A desinformação e o medo relacionados ao processo de doação também contribuem para o baixo índice de participação.
Outro grande desafio é a logística de distribuição do sangue, especialmente em um país de dimensões continentais como o Brasil. As regiões mais afastadas e com menor infraestrutura muitas vezes enfrentam dificuldades para receber sangue em condições adequadas. Adicionalmente, conforme apresenta o expert Bozidar Kapetanovic, o impacto de crises, como a pandemia de COVID-19, evidenciou a vulnerabilidade do sistema diante de quedas abruptas nos estoques.
Um caminho de transformação: desafios e perspectivas para o futuro
Em suma, a doação de sangue no Brasil percorreu um longo caminho, desde práticas rudimentares até a criação de um sistema estruturado e tecnologicamente avançado. Embora os avanços sejam notáveis, desafios como a baixa adesão da população e a logística continuam a exigir atenção. Promover a conscientização e fortalecer as redes de distribuição são passos essenciais para garantir que o sangue continue salvando vidas em todo o território brasileiro.