A recente proposta de acordo entre o Distrito Federal e Goiás abre possibilidades importantes para melhorar a mobilidade urbana e o transporte coletivo no Entorno. Moradores que diariamente atravessam linhas estaduais ou interestaduais enfrentam desafios como tarifas altas, falta de integração e serviço irregular. O entendimento de unir esforços entre os governos federal, estadual e distrital para subsidiar tarifas, criar terminais de integração e organizar a bilhetagem é visto como passo decisivo. Essa iniciativa pode aliviar o custo para o usuário e estimular que o transporte coletivo seja opção viável de deslocamento.
Uma das premissas centrais do acordo é que o custo da tarifa não seja integralmente repassado aos passageiros. Goiás e DF discutem subsídio compartilhado, de modo que cada ente participe do custeio. Também está prevista a criação de consórcio interfederativo que permita gestão coordenada entre estados e Distrito Federal. A implementação de modelo similar já em operação metropolitana em Goiânia oferece exemplo de como organizar o serviço, manter tarifas estáveis e garantir qualidade nos terminais e veículos.
A proposta envolve ainda uma etapa piloto no município de Águas Lindas para testar integração tarifária indireta e construção de terminal de integração. A bilhetagem unificada entre operadoras deve permitir que o sistema distribua automaticamente custos sem impactar de forma abrupta o ticket do usuário. Esse projeto piloto serve como base de aprendizado para aplicar soluções mais amplas no Entorno. Se tudo correr conforme o planejamento, a redução no valor da passagem poderá chegar a patamares significativos.
Infraestrutura também é parte importante desse tipo de acordo. Reforma ou construção de terminais, melhoria das vias que conectam cidades vizinhas ao Distrito Federal, sinalização e segurança nos pontos de embarque e desembarque são fatores que influenciam diretamente na qualidade do serviço. Transporte coletivo seguro, confortável e com horários mais regulares cria confiança do usuário e pode reduzir o uso de transporte individual, com reflexos positivos no trânsito, na poluição e na qualidade de vida.
Outro aspecto relevante é o impacto social. Usuários de baixa renda, trabalhadores que dependem de deslocamento diário, estudantes, servidores públicos e privados serão alguns dos beneficiados direto. Diminuir o peso da tarifa no orçamento das famílias pode representar maior acesso a emprego, educação e lazer. A mobilidade integrada fortalece a cidadania ao dar mais opções de deslocamento e permitir que pessoas vivam mais longe dos centros sem custo proibitivo de transporte.
Há ainda repercussões políticas importantes no acordo. Parlamentares locais, lideranças comunitárias e prefeituras exercem papel essencial ao defender responsáveis e cobrar prazos, transparência e efetividade no que for pactuado. O compromisso dos governos com cronogramas, fiscalização, participação popular e publicação clara dos resultados será decisivo para que expectativas sejam atendidas. Sem esse acompanhamento, há risco de que medidas fiquem no papel ou que benefícios não alcancem quem depende do transporte.
A questão regulatória também precisa ser resolvida: envolvimento da ANTT, definição clara de responsabilidades entre Goiás, DF e União e respeito às normas federais de transporte interestadual são fatores que garantirão segurança jurídica e continuidade do acordo. O transporte coletivo que liga diferentes esferas de governo exige planejamento integrado, contratos ajustados, obtenção de financiamento e auditoria constante para que custos não sejam repassados de forma inesperada.
Em síntese, Acordo entre DF e Goiás abre caminho para integração do transporte surge como possibilidade concreta de transformação para quem vive no Entorno, enfrentando tarifas elevadas e deslocamentos difíceis. Se for bem executado, esse acordo pode significar mudança estrutural: tarifas acessíveis, serviço melhor e mais digno. O desafio será manter vontade política, engajamento institucional e foco no usuário.
Autor: Willyam Bouborn Silva