Uma forte onda de calor atinge Goiás nesta semana trazendo temperaturas elevadas, umidade baixa e preocupação quanto aos efeitos sobre saúde, infraestrutura urbana e meio ambiente. Moradores enfrentam desconforto, sobretudo pela falta de áreas verdes, sombra adequada e níveis de ventilação baixos nas edificações. A situação evidencia a urgência de respostas mais modernas e sustentáveis para mitigar os impactos do clima extremo. Investir em inovação não é mais luxo, mas necessidade para garantir qualidade de vida e resiliência.
Tecnologia pode desempenhar papel fundamental nessa mitigação. Materiais de construção inteligentes, como vidros reflexivos ou pinturas térmicas, ajudam a reduzir a absorção de calor pelas fachadas e coberturas. Soluções de arrefecimento passivo, inspiradas em projetos de arquitetura que priorizam ventilação cruzada, sombreamento natural e uso de vegetação vertical, se tornam cada vez mais relevantes. Em Goiás, integrar essas tecnologias em novas construções — bem como retrofit de prédios antigos — pode reduzir o uso de ar‑condicionado e aliviar carga sobre o sistema elétrico.
Outra estratégia tecnológica envolve o uso de sensores e monitoramento climático urbano para mapear pontos de calor nas cidades. Com dados em tempo real de temperatura, umidade, índices de radiação solar e fluxo de veículos, gestores públicos podem identificar onde faltam áreas verdes ou onde construções mal orientadas contribuem para calor excessivo. Esses dados permitem intervenções precisas: plantio de árvores, criação de parques, instalação de pavimentos permeáveis, entre outras ações que aliviam ilhas de calor urbano.
A mobilidade urbana também sofre quando o calor aumenta demais. Veículos que trafegam sobre asfalto quente contribuem para refletir ainda mais radiação solar. Transporte público sem climatização adequada expõe passageiros a risco de desconforto ou até desidratação. Soluções como ônibus elétricos com sistema de ar condicionado eficiente, coberturas de pontos de ônibus com materiais evaporativos ou revestimentos térmicos ajudam a aliviar sofrimento nos trajetos diários.
Há, ainda, papel importante para tecnologias de informação e comunicação para alertar população em momentos extremos. Aplicativos de clima, alertas via SMS, mapas de calor, recomendações personalizadas de horário para sair ao ar livre, hidratação, cuidados com crianças e idosos colaboram para reduzir danos à saúde. Goiás poderia reforçar sistemas de alerta climático integrados com secretarias de saúde e meio ambiente para agilizar respostas preventivas.
No campo da energia, a demanda por refrigeração eleva consumo elétrico durante picos térmicos, pressionando distribuição e risco de apagões ou sobrecarga. Alternativas solares para geração de energia, instalação de painéis fotovoltaicos em coberturas, uso de sistemas de refrigeração mais eficientes e aparelhos com melhor classificação energética são caminhos para tornar o uso de clima controlado mais sustentável.
Em edificações residenciais e comerciais, soluções como janelas inteligentes ou películas refletivas ajudam a bloquear ganho de calor sem impedir ventilação adequada. Telhados verdes ou coberturas com material isolante térmico também reduzem temperatura interna significativamente. Essas escolhas tecnológicas nos projetos de construção podem fazer diferença no conforto diário, nos custos com energia e no bem estar das pessoas.
Para enfrentar a onda de calor que começa a dar sinais claros de agravamento com mudança climática global, Goiás vive momento decisivo. Integração entre poder público, setor privado, universidades e comunidade será essencial. Investimento em tecnologia de mitigação, políticas urbanas que incentivem construções sustentáveis, arborização e planejamento de cidades menos vulneráveis ao calor podem definir se essa será crise passageira ou ponto de virada para um modelo mais resiliente.
Autor: Willyam Bouborn Silva